sábado, 18 de dezembro de 2010

A vida e a selva

E o Velho que há tempos não falava com o Moço, percebendo a inquietação do Moço foi logo lhe falando:

- Meu caro garoto, a vida está sempre nos colocando em situação nas quais ela sabe que conseguiremos sair mesmo que machucados, é como o treinamento de um exército no qual lhe jogam na mata para aprender a sobreveviver com mínimo.

E garato, como sempre, não entendeu muito bem as palavras do Velho mas guardou bem as palavras para um dia compreender o que lhe foi dito.

sábado, 11 de setembro de 2010

A subversão

Depois de colocarem a conversa em dia o Velho falou:

- Quando um sentimento bom se subverte é porque na verdade ele foi mal interpretado e há vários motivos que o fazem ser mal interpretados, cabe a você tentar o ponto de equívoco.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Mudança

E enquanto caminhavam juntos o Velho Amigo falou ao Moço:

- Toda mudança tende a cair em alguma zona de conforto, portanto cudiado. Quando uma mudança nos causa euforia temos que tomar cuidado para que não nos cegue. Quando uma mudança nos causa medo é quando estamos bem arraigados em alguma zona de conforte e ai, meu caro, a mudança se torna um martírio, sendo que não verdade é algo simples a se fazer.

domingo, 25 de julho de 2010

As engrenagens e a vida

E o Velho encontrou o Moço na rua e lhe perguntou:
 - Como anda, menino?

E o Moço respondeu alegremente e pensativo:
 - Vamos indo, tentando entender como é que a vida se encaixam.

E o Velho sabiamente lhe falou:
 - Meu caro garoto. Algumas coisas na vida se encaixam de acordo com as peças que encontramos. Pense numa engrenagem em um sistema, para que as engrenagens se encaixem corretamente é preciso que tenham as mesmas específicações e, o principal, mesmo número de dentes. Quando tentamos encaixar peças com especificações diferentes e dentes em quantidade inferior ao que deveria ser,  fazemos algumas adaptações para que o sistema funcione corretamente. Por um tempo o sistema funcionará perfeitamente dando a impressão de que não precisará de reparos mas logo que se anima com o funcionamento esperado, ele volta a apresentar problemas e fazemos as mesmas adaptações pois acreditamos que aquela é a peça certa. Geralmente insistimos naquela peça por muito tempo, tanto tempo que o sistema começa a ser afetado e desencadeia problemas que além de lhe afetar, acaba afetando sistemas próximos que estão ou não em funcionamento e, até mesmo, em sistemas que estavam funcionando em perfeita sincronia. Por isso é preciso checar as especificações antes de tudo, checar a quantidade de dentes. Nunca se terá o sistema perfeito, aquele que se auto-reparará mas pode-se ter um sistema ideal, aquele que mais se aproxima do que esperamos. Precisará de reparos periódicos e não de reparos inesperados como acontece quando encaixamos a peça errada.

E o Moço ficou ali, absorto em seus pensamentos, tentando entender o que Velho queria dizer.

O Velho finalizou dizendo:
 - Assim, meu garoto, é a vida em algumas situações. Geralmente nas principais delas.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

O limiar

E o Velho Amigo disse:
- É meu caro, quando se cruza um limiar nada volta a ser como era antes. Ou tudo melhora ou tudo arrefece até que melhore. Mas quando arrefece há poucas chances de ser melhor do que era antes.

E o Moço indagou:
- Mas por que é que ultrapassamos esse limiar? É tão invisível que não se consegue perceber?

E o Velho Amigo respondeu:
- É bem visível mas gostamos sempre de ver o que há além, de saber o que pode acontecer se formos além ou ainda às vezes ultrapassamos sem perceber e quando nos damos contas queremos voltar para onde estávamos mas já é tarde, tudo é modificado depois ultrapassamos o limiar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Os pedaços

E o velho amigo lhe perguntou:
- Como estás, meu caro?

E o moço respondeu:
- Vou indo. Tentando não me apegar, como me disse, para que não me falte pedaços depois.

E o velho amigo disse:
- Bem me lembro de ter lhe dito isso. Mas também não se esqueça que perder pedaços pelo caminho é natural, se não fosse esses pedaços não teríamos a forma que temos hoje. Se não fosse esses pedaços não saberíamos do prazer de apreciar certas coisas boas da vida, não digo que você deva ser masoquista mas lhe digo que deve aprender com a dor,  não precisa cultuá-la ou fazê-la sua companheira, apenas deixe que ela lhe fale.

O moço sabendo de tudo aquilo assentiu. Pois ele havia perdido muitos pedaços nos últimos meses mas esquecera que em outros tempos também havia perdido pedaços, e percebeu que a vida continuou normalmente e que nem se lembrava quais eram os pedaços que havia perdido.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O caminho e o tempo

O velho alertou o moço:
- Meu filho, você tem se precipatado muito. Tente pensar bem antes de fazer alguma coisa.

E o moço não entendeu e disse:
- Me precipitado? Mas eu só queria resolver isso que me angustia.

E o velho mais uma vez lhe disse:
- Tem coisas, meu filho, que só se acertam com o tempo enquanto isso você tem que seguir seu caminho, fazer suas coisas, cuidar e pensar e você. Quando estiver bem encaminhado as coisas se ajeitarão, talvez não da forma que queira mas se acertará.

E o moço queria aceitar o que o velho dizia, no fundo ele sabia que o velho estava certo. Estava tantando aceitar a situação mas não era o que ele realmente queria.